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VERNECK ABRANTES,"O HISTORIÓGRAFO NATO"

Clemildo Brunet


Por Clemildo Brunet* 

Neste mês de julho em que se comemora mais um aniversário da cidade, vamos prestar mais uma homenagem a um filho da terra, que apesar de sua formação acadêmica e Profissional não ter nada haver, com o título desse artigo. Verneck Abrantes, filho de um grande amigo de meu pai, que juntos fundaram A Sociedade Operária Beneficente de Pombal em 08 de julho de 1934. 

Filho de José Benigno de Sousa e Elisa Abrantes de Sousa, o nosso homenageado tem nível superior de engenheiro agrônomo formado pela CCT/UFPB - Campos III de Areia com formação profissional tendo cursos de especialização em Agro-Negócio, Agente de Inovação e Difusão tecnológica, e Irrigação e Drenagem, todos esses pelo Campus II da UFPB de Campina Grande. Ativo na sua área de trabalho participou de vários Seminários e Congressos. Sua consorte é Berta Leonia e da união conjugal nasceu Alana Alcântara Formiga de Abrantes. Atualmente Verneck exerce a função de Assessor Regional da Emater com sede em Campina Grande. Foi eleito em 2005 Coordenador Regional do Sindicato dos Engenheiros no Estado da Paraíba e Conselheiro do CREA-PB. Eleito este ano para Academia Brasileira de Extensão Rural, com sede em Brasília. È sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico do Cariri Paraibano. Em 2005 fez viagem internacional chegando a conhecer, Portugal-Lisboa e Fátima; Itália-Roma, Pádua, Assis, Veneza; Suíça –Lucerna; França – Paris. 

O nosso homenageado demonstrando a sua vocação de escritor e historiador, começou a fazer pesquisas em torno da história de Pombal e desvendou alguns mistérios que deixavam dúvida se era verdade ou não. Por exemplo o caso da Cabocla Maringá. Diz Verneck: “uma Canção homenageia a cidade de Pombal. Maria é um nome comum nos sertões nordestinos. Ingá, uma cidade do agreste paraibano. A junção de Maria com Ingá deu formação à palavra Maringá, por exigência métrica de composição”. Em outro trecho do livreto Nossa História, Nossa gente Nº 03, ele retrata com precisão a existência dessa cabocla: “Acredita-se que ela morou no sertão da Paraíba nos idos da seca de 1921, mais precisamente em uma das ruas periféricas da então pequenina e graciosa cidade de Pombal, e depois de ali viver por indeterminado tempo, partiu numa leva de retirantes a caminho de outras paragens, onde o céu fosse mais complacente e a terra menos desventurada”. O certo é que Maria partiu deixando uma lacuna entre os pombalenses que ficaram, segundo informações de Ruy Carneiro na época um jovem que gostava de serestas aos 20 anos de idade. 

Segundo comentários, Ruy Carneiro, que depois daquela época viria a ser Interventor da Paraíba, Senador da República e que em 1932 era chefe de gabinete do então Ministro da Aviação e Obras públicas, José Américo de Almeida, teria comentado de forma sutil no Rio de Janeiro no momento de uma conversa informal os sentimentos de saudade por essa cabocla, quando no diálogo com um consagrado músico e um político, comentando as coisas do sertão; como as secas e as levas de retirantes. Ruy Carneiro instigou o poeta a compor uma música que falasse sobre a seca no sertão. Esse poeta era o compositor Joubert de Carvalho, que de inicio, pensou na cidade do Ministro; como a cidade de Areia não dava rima, virou-se para Ruy Carneiro e perguntou: onde você nasceu? Nasci em Pombal Sertão da Paraíba. Pombal da rima e ai Ruy começou a contar sobre a devastação da seca citando vários lugares, destacando a cidade de Ingá. 

E assim o compositor fez a junção das palavras e deu Maringá. “Há quem diga que Ruy Carneiro colaborou na letra e na música” Outro ponto da história de Verneck: Foi a questão do nome Vila Nova de Pombal, que segundo Irineu Joffily, quando escreveu, “Notas Sobre a Paraíba” deu a versão que era em homenagem ao Marquês de Pombal, I Ministro de Dom José I, rei de Portugal e que foi recebida sem averiguações por todos os autores que lhe seguiram, daí o equivoco. O nome veio em decorrência de se homenagear uma cidade de Portugal chamada Pombal. A carta Régia de 22 de julho de 1766, mandava erigir novas vilas e denominá-las com nome de localidades e cidades de Portugal. 

Em um de seus escritos publicado em 2004, Vernekc destaca a importância das três datas de Pombal. “Pombal foi o primeiro núcleo populacional do sertão paraibano, tem 306 anos de fundação, 232 de Vila e Emancipação Política e, 142 de cidade. Quanto mais antigo o lugar, maior referencial histórico e cultural para os seus filhos, portanto, é interessante valorizar e divulgar a data de sua Fundação, 27 de julho de 1698, a qual contempla Pombal com 306 anos de fundação. Propagar isso não é difícil, porque o dia do aniversário da cidade é 21 de julho e da fundação 27 de julho, as datas estão próximas, assim, na mesma semana poderemos comemorar as duas datas, claro, referenciando a maior e, logicamente, mantendo a tradição da festa no mês referenciado. Esperando a quebra do paradigma e a valorização da nossa história”. 

Verneck é um historiador que não somente se preocupa com a veracidade dos fatos, como também é um defensor intransigente do nosso patrimônio histórico. Numa determinada ocasião em uma Festa do Rosário, em um compartimento da velha Igreja, alguém entendeu de realizar uma reforma para o estabelecimento de uma cantina que serviria para a barraca da Igreja, ocasionando mudança no aspecto físico do imóvel sem o mínimo respeito ao patrimônio histórico; pois bem, Verneck juntamente com o seu amigo também escritor Jerdivan Nóbrega, protestou contra tal absurdo, ocupando emissoras de rádio e denunciando o fato aos órgãos competentes, até que medidas foram tomadas no sentido de repor tudo no seu devido lugar. 

Outro ponto importante a se destacar é quanto a referencia feita a maior festa frequentada por pombalenses que estão distantes e turistas, e que alguns por desconhecimento de causa a chamam de Festa de Nossa Senhora do Rosário, Verneck conseguiu nas suas pesquisas um dado importante: A Festa não é de Nossa Senhora do Rosário é simplesmente Festa do Rosário, numa alusão ao rosário e não a Santa do Rosário. 

Em 2004 Verneck Abrantes juntamente com o colunista José Tavares Neto, enfrentou uma luta em defesa da conservação da Casa da Cultura de Pombal que tem como sede o prédio da Cadeia Velha de nossa cidade. È que na época a Casa da Cultura estava uma lástima sofrendo um desprezo total por parte do Poder Público Municipal, já que os fundadores da instituição abandonaram de vez o órgão e estava entregue ao deus-dará. Foi publicado em livro e distribuído gratuitamente com a população um manifesto em defesa do Patrimônio Histórico, intitulado “A Cadeia Velha de Pombal”. Obra da lavra de Verneck e José Tavares, onde consta o protesto de muitos pombalenses em torno do assunto. Graças a essa manifestação o Poder Público Municipal resolveu tomar conta e restaurou a Casa da Cultura que hoje se encontra aberta para visitação de todos. Além das publicações em Revistas e Jornais desde histórias de Pombal as mais antigas até os dias atuais, 

Verneck tem também escrito sobre assuntos relacionados com o profissionalismo que ele exerce e a sua função na Emater em Campina Grande. Dentre os livros publicados do nosso homenageado, podemos destacar: A Cadeia Velha de Pombal - manifesto em defesa do patrimônio histórico com José Tavares.(Gráfica Andyara)2004; Um Olhar sobre Pombal Antigo- (Editora União)2002; A Trajetória Política de Pombal-(Editora Imprell)1999; O Velho Arraial de Piranhas (Pombal) de Wilson Seixas. Revisão crítica com Evandro da Nóbrega e Jerdivan Araújo-2004; Belarmino de França - Um Trovador do Sertão-com Irani Medeiros-2006; Série Nossa história, nossa gente- A Cadeia Velha de Pombal; A Cruz da Menina de Pombal e Maringá. 

Verneck tem uma atuação na vida cultural e social de Pombal, já atuou em teatro e até como figurante no longa metragem “O Salário da Morte”,assim como na Diretoria da Associação dos Estudantes Universitários de Pombal (AEUP). 

Nesta justa homenagem que prestamos ao jovem escritor e historiador, nada mais convincente para chamá-lo de o historiógrafo nato do que a frase de sua autoria: “Pombal foi o berço, a porta de entrada para a civilização sertaneja. Arraial, Vila e Cidade de Pombal; Os caminhos de luta fazem sua seqüência histórica”. 
postado por Clemildo Brunet às 18:12 em 04/07/2007
*RADIALISTA.
VERNECK ABRANTES,"O HISTORIÓGRAFO NATO" VERNECK ABRANTES,"O HISTORIÓGRAFO NATO" Reviewed by Unknown on 7/04/2007 06:12:00 PM Rating: 5

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