Falsa dualidade mascara sucessão em João pessoa
João Costa |
João
Costa*
Esta sucessão pela prefeitura de João
Pessoa está criando um problema psicológico para muita gente. Se alguém se
manifesta contra a reeleição do alcaide
Luciano Sá, é porque está alinhado com o governador Ricardo Vieira; se recusa
apoio à candidata Cida Ramos, automaticamente é porque fechou fileiras junto ao
alcaide. Algo como se o universo político girasse em torno do Diário Oficial do
Estado ou do Diário do Município. Correto, mas nem tanto. Há vida inteligente
embasando outras candidaturas.
Existe uma lista longa de argumentos a
favor de votar contra os dois candidatos, mas também não há razão válida para
votar a favor de qualquer desses dois candidatos. O alcaide migrou para o
conservadorismo porque certamente jamais foi progressista, embora venha de
militância inicial do PC do B até o PT. Tem a chance de vencer amparado nos
senadores do PSDB e PMDB, neste momento histórico associados no golpe
parlamentar que fatalmente derrubará a presidente eleita pelo voto popular.
Por outro lado, o mundo político
assistiu a candidata Cida Ramos esperar pelo PMDB até a undécima hora, para
acabar fazendo dobradinha com outro partido, também golpista. Comunistas ou
socialistas efetivamente não são tão comunistas assim, nem tão pouco
socialistas. Vitaminados ou contaminados que são pelo espectro Cunha – o
inimputável da República. Os candidatos a vice nas duas chapas são deputados
federais, portanto avalistas do golpe. Têm outros compromissos - menos com o
estado democrático de direito.
É nesta adversidade que os eleitores de
esquerda podem confiar na terceira via, que vem a ser exatamente o candidato do
PT, Charliton Machado. Lá pelo mês de setembro o golpe político e de estado
certamente estará consolidado, mas não muda o quadro de exceção – não vai
deixar de ser golpe. Dilma poderá até ser uma página virada na política,
entretanto os assalariados e aposentados certamente estarão mais convictos que
perderão direitos e talvez o resto da sociedade civil se dê conta a hipocrisia,
o padrão duplo de justiça e moral que fazem a festa das instituições precisam
ter um basta.
Vale lembrar que a distância entre estabilidade política e
o caos mais sangrento em qualquer sociedade é muito menor do que as pessoas
gostam de supor que seja. Daí o refrão do “tudo pode acontecer, inclusive
nada”, vale para a crise política nacional e a aparente normalidade democrática
com as eleições que se aproximam. O quadro é simples: o arco de alianças de
políticos conservadores e golpistas de um lado ou em disputa pelo Orçamento
superior a R$ 2 bilhões da prefeitura de João Pessoa.
PSD/PSDB/PMDB ou PSB/PTB são
mais da mesma coisa. Do outro, candidaturas de viés progressista. Quando
setembro vier, as Olimpíadas terão sido terminadas, mas tropas militares
permanecerão nas ruas. Ou para conter o crime organizado que domina a vida nos
centros urbanos, ou simplesmente para garantir Michael Temer – o usurpador no
poder.
*João
Costa é radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de
assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do
Paraíba.com.br
Falsa dualidade mascara sucessão em João pessoa
Reviewed by Clemildo Brunet
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8/05/2016 07:17:00 AM
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