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A Complexa Realidade

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*
   
O pensador grego, Aristóteles (384/322 a.C) afirmava que A primeira qualidade do estilo é a clareza”, essa teoria é exatamente o que não está sendo aplicada na atualidade. Estamos atravessando um período de conflitos, e até confrontos, há um desentendimento generalizado, os poderes se garfeiam, cada um querendo mostrar sua autoridade e competência enquanto o exercício e a prática da ética vão sendo esquecidos e
a exposição da arrogância e absoluta falta de humildade, prática creditada aos grandes homens, extrapola os limites do bom senso afeto às noções de sabedoria e de razoabilidade.


Os últimos fatos ocorridos no Brasil é de nos levar a um sentimento de pena dos nossos dirigentes, o que é profundamente triste. A barafunda do bolsa família foi vergonhosa, no último final de semana pessoas humildes, desesperadas, correndo às agencias da Caixa Econômica Federal, em 12 Estados da Federação, por conta de um falso boato surgido, dando conta que o benifício ia acabar, naquele final de semana seria pago a última parcela; não se sabe de onde nem quem inventou a boataria, colocando em risco vidas humanas, por interesses escusos, irresponsável e criminoso.

O que nos deixa perplexo é a verdadeira desconexão dos gestores do sistema. Os mais aloprados já sairam em defesa da sua competência, imputando à outros a responsabilidade do fato. A ministra, Tereza Helena Gabrielli Barreto Campello, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, imputou à diminuta e campenga oposiçao a notícia geradora de todos os problemas ocorridos. Num segundo momento, sentindo a precipitada interpretação informa à sua ignorancia no assunto e substitui anota inicial.

Começou então um verdadeiro bombardeio entre oposição e situação, entrando no clima até mesmo a Presidente da Repúlica, Dilma Vana Rousseff, querendo apurações e punições aos culpados. Gesto seguido pelo Ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, colocando a Policia Federal para desvendar o mistério. Certamente, pela competência do trabalho da PF começou a surgir algumas situações que podem ter gerado todo esse tumulto e o próprio governo entra numa verdadeira saia justa. A caixa Econômica anunciou a liberação dos valores para pagamento total da parcela de maio, do bolsa família, para evitar consequências maiores, e na sequência informa que a liberação dos valores liberados antecipadamente foi em decorrência de acertos técnicos no sistema.

Pelas contradições ocorridas, e em função de entrevista do vice-presidente de Habitação da Caixa, José Urbano, foi feito um comunicado pelo próprio presidente da CEF, Jorge Fontes Hereda, pedindo desculpas pelo ocorrido, levando a oposição à buscar mais informações a respeito do assunto junto à PF, para maiores e assertivos esclarecimentos dos fatos.
Esse assunto vai ser ainda motivo de muita polêmica nos temas políticos no nosso país por várias razões, o fato trouxe à tona um dos vários fatores que fomentam a complexa realidade que vivemos.

O Bolsa Família é um extraordinário projeto de alcance social, entretando, ele fugiu de uma das suas finalidades que era a de tirar o homem da linha de pobreza e integrá-lo no meio social. Já estamos com 10 anos de auxílio a essa faixa da sociedade, e se continuarmos com a mesmo política, não exigindo nenhuma contrapartida para a participação do beneficiado ao benefício, daqui à 10 ou 20 anos essas mesmas pessoas, e as novas inclusas estarão sendo atendidas pelo mesmo projeto sem nenhum avanço nas suas vidas.

Há a necessidade premente de implementação de novas ações educativas aos projetos socias, só pela mão da educação há o crescimento humano, levando luzes a essa gente que estão atadas à desesperança por absoluta falta de condições e oportunidades, lhes proponcionando uma sorte diferente, sorte essa que é a união de capacidade e oportunidade, e o governo é o responsável por o encaminhamento dessa massa ao caminho da auto-sustentação, pela disponibilidade das ferramentas e recursos que podem ser direcionados à essa finalidade de carater humanitário.

Outros fatores contribuem para o quadro atual. Na saúde, o governo joga a toalha e cria um clima de insatisfação entre o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina por o governo anunciar a contratação de 6 mil profissionais médicos sem nenhuma avaliação prévia dos futuros contratados, quando os profissional formados no nosso país e para ser contratado, pelo Estado, há a necessidade  de uma série de formalidades técnicas. O governo quer contratar com a velocidade que a necessidade pede e com a pressa da insensatez. Nessa hora é preciso ponderação, se o setor está falido, qualquer ação para soluções imediatistas é temeroso que se tome iniciativas que possam ser motivos de arrependimentos no futuro. Portanto, é  de bom arbitrio, nesse momento, o governo ouvir quem tem experiência no setor, para agir, mas não agir errado.

Apenas para elucidar ainda mais o meu ponto de vista, a nossa economia continua trazendo preocupação ao mercado pela sua instabilidade, com nossa balança comercial no vermelho, a inflação sinalizando uma estabilidade num patamar em alta, e os juros subindo como forma de contenção da própria inflação. A nosso segurança tem piorado e vem crescendo em níveis galopantes, provocando o medo e a incerteza nos cidadãos trabalhadores da nossa terra. Sabemos que as ações governamentais para conter o consumo de tóxico não tem surtido o efeito desejado e esperado, apesar do esforço de alguns governadores e do governo federal com medidas apenas paliativas, as cracolâncias já sairam das grandes cidades e invadiram nossos povoados, campos e até mesmo reservas indígenas, além dos garimpos nos rincões do Brasil.

Nesse momento é bom lembrar ao governo e oposição um pensamento do físico teórico alemão, Albert Einstein (1879/1955), quando ele afirmou: “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.” Por isso é bom esquecermos as diferenças e as ideologias políticas, a eleição está bem distante, temos que pensar no presente, agir com urgência, eficiência e eficácia, para que amanhã não tenhamos um país de difícil governabilidade, nossas estruturas sucateadas e corroídas pelo nefasto ácido da corrupção, e quando analisarmos o passado do nosso futuro não venhamos a ter vergonha do que sem decência, comprometimento com os nossos contemporâneos, da forma mais irresponsável que agimos, e sem analisarmos as conseqüências fizemos. Se for para ter vergonha do que fizemos é melhor não fazermos. Agindo agora evitaremos que o nosso país venha ser uma terra sem controle e de arrependidos, por nossa absoluta incompetência.

*Poeta e Escritor

A Complexa Realidade A Complexa Realidade Reviewed by Clemildo Brunet on 5/29/2013 08:11:00 AM Rating: 5

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