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OS NÚMEROS DE UMA TRISTE REALIDADE!

Genival Torres Dantas
GENIVAL TORRES DANTAS*

2012 não está sendo fácil para a presidente Dilma Rousselff, principalmente no mês de março, em curso, quando a base aliada, partidos de sustentação política, entra em regime de colisão com o executivo dando sinais de desgastes, principalmente quando o assunto é a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), quer a substituição da ministra por achar que ela representa a truculência e toda prepotência que impera no palácio do planalto.

Dentre as medidas e atitudes reclamados pelo legislativo, por parte do parte do executivo, podemos citar alguns, alegados por bancadas específicas (existem apenas oficiosamente, sem nenhum poder oficial na estrutura dos poderes constituidos).

A bancado do nordeste que é composta por 151 deputados e 21 senadores reclama da ausência de entendimento, e atendimento, nas nomeações de dirigentes das estatais e a cobrança com execução, pelo Banco do Nordeste, dos agricultores em estado de agonia.

Os parlamentares que compõe a bancada ruralista representam 85 deputados e 14 senadores brigam pela exclusão das exigências na recomposição das áreas de proteção permanente com desmatamentos já ocorridos. Dor de cabeça para os ecologistas e simpatizantes.

Os evangélicos que representam 68 deputados e 2 senadores entraram na guerra contra a venda de bebidas alcoólicas, nos estádios, no período da copa do mundo e durante os jogos do Mundial de 2014. Convém ressaltar que a Lei Geral da copa está para ser votada no decorrer dessa semana, grande risco para decepção do governo central, pois, a semana não lhe é favorável em termos de votação.

O PR foi mais radical, entrou para a oposição tentando recuperar o Ministério dos Transportes, acredito que seja uma posição temporária, pois, tem o peso de 36 deputados e 7 senadores, o governo não pode prescindir desse partido, na composição da base aliada, principalmente pela aliança histórica com o PT e na importância na hora das votações dentro da câmara e no senado.

Com a perda do Ministério do Trabalho, com a demissão do ministro Carlos Lupi, o PDT que conta com 24 deputados e 5 senadores procura de qualquer forma marcar presença e recuperar o ministério perdido. Trata-se do partido brizolista e tem em suas fileiras o emérito senador pelo Distrito Federal, já foi ministro da educação e respeitado mundialmente pela sua luta na renovação da educação no nosso país.

No campo econômico as indústrias insistem em manter o espetáculo do crescimento negativo, contrapondo a famosa frase do presidente Lula, durante o seu governo, para demonstrar que o país estava crescendo num ritmo nunca antes visto. O governo tem dificuldades em reverter o quadro atual em decorrência de vários fatores.

O dólar tem se mantido num patamar bastante elevado, favorecendo as importações e inibindo as exportações, fazendo das empresas que atuam no mercado de exportações a se manterem em dificuldades até para sobreviverem. O segmento de brinquedos, principalmente, é o que mais sofre com a atual fase do dólar.
Os juros elevados é outro fator que contribui para a desindustrialização no Brasil, empresas procuram operar dentro do seu limite sem tomar capital no mercado financeiro, dessa forma, com capital de giro curto e as vendas desaquecidas favorece a redução da mão de obra aumentando o desemprego no setor industrial.

O custo de produção tem ajudado também ao desequilíbrio da nossa balança comercial, só para se ter uma idéia da nossa situação, que não é nada confortante, em 2005 tínhamos um superávit com os EUA de 9.9 bilhões em 2011 tivemos um déficit de 8 bilhões, isso vem justificar o resultado da nossa calamitosa produtividade que nos últimos anos teve um resultado humilhante, enquanto os EUA avançou 9% tivemos um resultado de 1,1%.

Outros dados nos leva a uma reflexão mais profunda, entre 2003 e 2011 tivemos um aumento na energia elétrica de 246%, enquanto que os EUA, no mesmo período teve seu custo alterado em apenas 35,3%. Outro insumo de suma importância para a indústria é o gás natural, enquanto que na Louisiana custa US$2,5 por milhão de BTU(British Thermal Unit ou Unidade Térmica Britânica), no Brasil, precisamente no pólo petroquímico de Camaçari na Bahia, o custo é de US$15, ou seja, 6 vezes mais caro.

Nesse universo angustiante, a industria de transformação respondia por 26% do PIB (produto interno bruto), caiu para 16% no inicio de 2011, atualmente esse setor responde apenas por 14,6%, e em declínio.

Finalmente, um trabalho apresentado pelo economista Regis Bonelli, do Instituto Brasileiro de Economia (ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio, mostra que a mão de obra na indústria brasileira aumentou %, comparado com os parceiros comerciais do país, entre 2003/2009. Na economia brasileira como um todo, o custo da mão de obra subiu 120%, no mesmo período, enquanto que na agropecuária a alta foi de 82%, e no setor de serviços o aumento foi de 114%.

Hoje é muito mais vantagem produzir nos EUA que no Brasil, sem contar com os custos menores de outros países, como China e índia. A permanecer esse ritmo o sucateamento da nossa indústria será o caminho para o futuro. Estamos perdendo a capacidade de competição e produção, medidas urgentes devem ser adotadas em caráter de urgência urgentíssima para não perdermos o bonde do processo de industrialização que é um forte na nossa vocação. Em função dos números, o governo mantém um otimismo exagerando, é bom se cuidar para não ser surpreendido.

*Escritor pombalense e empresário em Navegantes - SC.
OS NÚMEROS DE UMA TRISTE REALIDADE! OS NÚMEROS DE UMA TRISTE REALIDADE! Reviewed by Clemildo Brunet on 3/20/2012 04:32:00 PM Rating: 5

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